O Sentido do Olhar
Sinopse:
Carlos F. é um programador atormentado com sonhos onde um símbolo estranho analisa várias pessoas, e em que um vulto indefinido e misterioso parece querer dizer-lhe alguma coisa. Encontrando analogias com o software de reconhecimento de dados biométricos, Carlos resolve programar as suas lentes de visão aumentada para ver se encontra, entre as pessoas com quem se cruza, alguém cujos parâmetros correspondam aos da figura do sonho.
Enquadramento:
Num futuro não muito distante, alguns dispositivos que actualmente já existem, embora em meios e aplicações restritos, estarão facilmente disseminados – falo especificamente de lentes de contacto de visão aumentada, mas o raciocínio aplica-se a muitos mais “add-ons”. Neste caso centrei-me nas lentes e na facilidade/possibilidade de serem programadas directamente pelos utilizadores para qualquer finalidade.
Vivemos já numa época em que a nossa vida “virtual” é significativa, quer ao nível das relações que estabelecemos, quer da nossa própria projecção em avatares que povoam mundos virtuais on-line e nele interagem com múltiplas realidades e outros avatares de outras pessoas. Será de supôr que, um dia, com os avanços vertiginosos da ciência e tecnologia, os mundos virtuais sejam indistinguíveis do real, e assim, aquilo que nos parece real poderá não o ser, e seja apenas denunciado pela resolução do ecrã/imagem ou pelos pequenos “glitches” na fluidez das imagens em movimento.
É ainda frequente sonharmos com os jogos que jogamos “viciadamente”, desde os mais simples Tetris (eu costumava fechar os olhos e continuava a ver peças a cair) até jogos de acção (perseguições em labirintos, como no Doom ou Quake).
Surge então a seguinte questão: com a realidade virtual quase indistinguível da realidade “real”, ao sonharmos será possível diferenciá-las nos nossos sonhos? O que é virtual é menos real do que a realidade física, se no nosso cérebro os conceitos e fronteiras se esbatem?
E… ao jeito de Philip K. Dick… será que os nossos avatares também sonham?
Muito obrigado a Francisco Areosa (Carlos F.), José Manuel Marques e António Bagorro. Sem a vossa ajuda e colaboração este projecto não teria sido possível.
O Sentido do Olhar from Pedro Alves da Veiga on Vimeo.