Exposição SER-GENERATIVO
SER-GENERATIVO
As obras de arte generativa de Pedro Alves da Veiga – arte criada com código, usando algoritmos que determinam as transformações através de variadas técnicas computacionais – procura, além da codificação artística através de programação, afetar o âmbito da criação, modificado constantemente pela retroalimentação originada na experimentação, ajustando os sistemas para produzir novas versões de cada narrativa.
As narrativas generativas nestas obras estão baseadas conceptualmente no SER e nas diferentes formas de conexão, sejam elas internas ou externas, pelo que nas suas obras é focalizada a importância do SER interno, em conexão com a alma, a mente e o corpo e o SER externo, em ligação com os outros, com o espaço, com a sociedade. Com as suas narrativas generativas, novas formas experimentais de arte digital, ele explora a criação artística e discursiva contemporânea por via da linguagem digital computacional dos novos media. Elas potenciam a interligação do SER humano com as experiências cambiantes da sociedade contemporânea, e também as relações entre o pensamento e a ação, entre a criatividade e a inovação do SER humano, que tudo pode gerar. SER-GENERATIVO é uma exposição que vem desde o SER para o SER, materializando-se em obras atravessadas pela tecnologia, pela estética digital, com um caráter estimulante, envolvendo distintos media digitais, e que propõem reflexões constantes.
SER-GENERATIVO apresenta na sua génese, um renascimento do SER, gerado também a partir de processos generativos. Pedro Alves da Veiga, enquanto criador contemporâneo, assume os media do seu tempo, como explica Machado (2007, p. 10): “Se toda arte é feita com os meios de seu tempo, as artes eletrônicas representam a expressão mais avançada da criação artística atual e aquela que melhor exprime sensibilidades e saberes do homem da virada do terceiro milênio”. Assumimos, portanto, este artista como um criador do terceiro milénio, da inquietação, que utiliza as diferentes áreas da sua criação para expandir o seu legado como dinamizador de novas narrativas artísticas a partir da conceptualização, da palavra, da ideia, da geração de conhecimento que a arte contemporânea nos permite, das variadas formas de propagação e produção do pensamento contemporâneo na livre criação da mente humana – porque a criação contemporânea, como ato em si, é arte atravessada pelo pensamento.
Como afirma Gilles Deleuze na sua conferência “O que é o ato de criação?” (1987) “… existe uma afinidade fundamental entre a obra de arte e o ato de resistência. Isto sim. Ela tem algo a ver com a informação e a comunicação a título de ato de resistência.”
A arte contemporânea está associada a tudo o que é radical, inquietante, onde se estabelece um diálogo que nos leva à reflexão, ao aprofundamento do pensamento, que é uma das suas melhores qualidades, como refere (Barbosa, A. Mae. 2006): “A criação de arte contemporânea preocupa-se em estabelecer um diálogo com o público e fazê-lo pensar”, o pensamento permite a reflexão e é uma condição “sine qua non” do homem evoluído, condição sem a qual não pode haver uma verdadeira evolução do ser humano. Como diz Victor Hugo, “O pensamento é mais do que um direito, é a própria respiração do homem”, que o apresenta (Robb. Graham, 1999).
Por isso, situamos Pedro Alves da Veiga como um criador contemporâneo, disseminador do pensamento e da resistência, um artivista “que reflete sobre a experiência do sujeito no mundo em que vive e oferece diferentes formas de explicar o ambiente em que o sujeito e a obra estão imersos”, como refere Giannetti (2006, p. 69).
No seu projeto expositivo SER-GENERATIVO, o artista procura com a sua investigação, não só gerar novas narrativas de estéticas digitais no processo generativo, como SER gerador de conhecimentos que, por sua vez, se dispõem a incitar novos olhares, que buscam gerar debates sobre problemas associados à subjetividade, consciência e à construção da cultura na nossa sociedade, como parte de uma geração que procura a mudança na perspetiva de uma evolução do SER humano.
Hernando Urrutia
Investigador do CIAC
Professor de Multimédia e Artes do DAMG da Universidade Portucalense
Coordenador de Investigação da Área de Multimédia do CIAUD-UPT